“A mesa dos adultos, à parte da das crianças, era o centro de grandes discussões políticas onde havia sempre lugar para mais um.” – Isabel Stilwell
Detestou a escola primária e a sua dislexia não facilitou muito. Mas desde cedo que as palavras são suas aliadas. Queria seguir História, mas cedo “fugiu” para o jornalismo.
Hoje, concilia o melhor dos dois mundos, jornalista, escritora, Isabel Stilwell escreve nos seus livros, sobre personagens históricos e, nas suas crónicas, sobre cenas da vida.
Nascida numa família grande, filha de pais ingleses, tem vivências típicas de quem sempre teve uma casa cheia de gente. As cumplicidades entre irmãos e o colo de todos formaram-lhe o espírito e fizeram dela quem é. Sendo a sétima de oito irmãos, mas a mais nova das raparigas, diz que aprendeu a falar muito depressa para conseguir fazer-se ouvir.
“Quando era pequenina as coisas lá em casa eram muito controladas. Havia uma lista dos pratos da semana. Aos sábados, era feijão-frade com ovos cozidos, aos domingos, o dia que eu gostava menos, comíamos esparguete com molho de tomate. A mesa dos adultos, à parte da das crianças, era o centro de grandes discussões políticas onde havia sempre lugar para mais um,” recorda.
Com uma família numerosa, Isabel lembra que a mãe tinha o pulso firme na gestão da casa. Comiam o mais barato possível, empadões, massas, frangos, tudo que rendesse na confeção das refeições.
“Quando era miúda, odiava peixe, sempre o tinha comido camuflado em empadões. Aos 18 anos, num restaurante com um grupo de amigos, experimentei pela primeira vez comer linguado. Fiquei surpreendida por ter gostado. Afinal o sabor do peixe era agradável.” Memórias de uma infância preenchida.
“Uma das minhas vivências mais antigas é na cozinha lá de casa. Lembro-me ir para a cozinha e sentar-me ao pé da Rosa, a nossa empregada, e dela me deixar molhar as bolachas maria numa chávena de café com leite. A Rosa era a nossa segunda mãe, e como eu era a segunda mais nova, fazia-me imensas vontades. Sempre fui um pisco a comer, talvez por isso me fizesse as vontades. Enquanto cozinhava, eu ficava por ali, a ver o corre-corre dos afazeres. Quando havia mousse de chocolate, antes de lavar a taça, entregava-ma para eu me deliciar a “rapar” o que sobrou. A seguir, passava-me para a mão um dos livros das aventuras dos 5. Nos meus anos, fazia sempre peixinhos da horta, como faço anos em Maio, altura do feijão-verde, nunca se esquecia desse mimo”.
A cozinha não é o seu forte, a sua mãe, por exemplo, só aprendeu a cozinhar aos 50 anos. Uma fase em que os sabores passaram a ser menos portugueses e mais britânicos. A receita que nos trouxe, é uma espécie de homenagem às suas raízes anglo-saxónicas.
“Decidi trazer esta receita para homenagear a minha mãe e a minha avó. É uma receita com memória de família. O nome, o bolo de gingerbread da granny, foi a forma que os netos encontraram para distinguir a minha mãe, das avós portuguesas”.
Actualmente, Isabel assina uma crónica mensal na revista Máxima, partilha os “Dias do Avesso” com Eduardo Sá, na Antena 1, escreve o “Diário da Avó Galinha”, na revista que fundou, a Pais & Filhos. Dá palestras, escreve romances históricos, e sempre que pode, usa o tempo para dar mimo aos netos e aos três filhos.
RECEITA – Gingerbread da Avó Granny
6 PESSOAS
Ingredientes:
- 300 g de farinha
- 270 g de melaço de cana
- 120 g de açúcar
- 120 g de margarina
- 2 dl de leite
- 1 ovo grande
- 2 colheres (chá) de gengibre em pó
- 1 colher (chá) de canela em pó
- 1 colher (chá) de fermento em pó
- 1/2 colher (chá) de vinagre
- Margarina para untar
- Papel vegetal
Derreta a margarina com o melaço e o açúcar num tacho em lume brando. Retire do lume e deixar arrefecer.
Numa tigela, misture a farinha, o fermento, o gengibre e a canela. Faça um buraco no meio, adicione o preparado anterior, o ovo batido, o leite e o vinagre e misture muito bem.
Unte uma forma de bolo inglês com margarina, forre-a com papel vegetal e verta-lhe a mistura anterior. Coloque no meio do forno pré-aquecido a 180ºC durante 45 minutos. Verifique o ponto de cozedura com um palito.
Retire do forno, deixe arrefecer, desenforme e sirva decorado a gosto.
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